segunda-feira, 24 de outubro de 2011

EMPREGO DO INFINITIVO

Sobre o uso do infinitivo (flexionado ou não), analise as alternativas abaixo:

I - Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzar o céu.
II - Os moradores estavam fartos de verem aviões cruzarem o céu.
III - Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzarem o céu.
IV - Os moradores estavam fartos de verem aviões cruzar o céu.

Qual a única opção verdadeira:

a) ( ) As alternativas I e III são as únicas verdadeiras.
b) ( ) A alternativa II é a única verdadeira.
c) ( ) As alternativas III e IV são as únicas verdadeiras.
d) ( ) A alternativa IV é a única verdadeira.
e) ( ) Somente a alternativa I não é verdadeira.

Resposta: Somente as alternativas I e III estão corretas; portanto, a opção "a" é a verdadeira.

O emprego do infinitivo (flexionado ou não) é matéria da língua portuguesa que gera muitas dúvidas, principalmente porque o tema em questão não é completamente consensual.

Vale anotar, preliminarmente, que a diferença entre "emprego do infinitivo" e "concordância verbal" está exatamente na possibilidade de se empregar o verbo com o "r" final. Analisemos os seguintes exemplos:

Gizelle e Jussara discordaram do posicionamento oficial.
Gizelle e Jussaram pretendiam discordar do posicionamento oficial.

Note que, na primeira frase, não é possível o verbo terminar em "r", ao passo que na segunda, sim. Outros exemplos:

Os moradores viram os aviões.
Os moradores viram os aviões cruzarem o céu.

Temos, na primeira frase, um tema de concordância verbal, enquanto na segunda, de emprego do infinitivo. Perceba que a última frase também pode ser construída assim:

Os moradores viram os aviões cruzar o céu.

Enfim, sempre que seja possível conjugar o verbo no infinitivo não flexionado (com o "r" no final, temos um assunto de "emprego do infinitivo" e não de "concordância verbal").

Não iremos, neste momento, trazer uma exposição detalhada das principais regras, visto que nos deteremos à explicação do problema aqui proposto.

Vamos recordar as duas frases verdadeiras propostas no problema:

Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzar o céu.
Os moradores estavam fartos de ver aviões cruzarem o céu.

A primeira observação é com relação à construção "estavam fartos de ver", que permaneceu inalterada nas duas frases. O verbo "ver" não flexionou porque o  infinitivo complementou um adjetivo (fartos). Assim, sempre se diz:

Eles são capazes de vencer. (e não capazes de vencerem)
Eles estão dispostos a lutar. (e não dispostos a lutarem)

Nota 1: Quando ocorre a voz passiva, é possível as duas formas:

Os médicos estavam com medo de ser contaminados.
Os médicos estavam com medo de serem contaminados.

Nota 2: Quando o infinitivo está na voz reflexiva, é de rigor o infinitivo flexionado:

Eles e elas estão dispostos a se reconciliarem. (e não dispostos a se reconciliar)

A segunda observação é com relação as construções "aviões cruzar o céu" e "aviões cruzarem o céu".

Temos, aqui, um típico exemplo onde é possível flexionar ou não o infinitivo, visto que o sujeito do infinitivo é um substantivo:

aviões (substantivo); cruzar/cruzarem (infinitivo)

Note que "cruzar/cruzarem" irá concordar com o substantivo "aviões". De igual modo, são corretas as seguintes construções:

As damas antigamente mandavam os cavaleiros correr aventuras. (Rebelo da Silva)

As damas antigamente mandavam os cavaleiros correrem aventuras.

Os salários altos fazem os preços subir.

Os salários altos fazem os preços subirem.

Eles viam os anos passar depressa.

Eles viam os anos passarem depressa.

Nota 3: Se o verbo é reflexivo, melhor flexionar o infinitivo:

Eles viriam os galhos inclinarem-se para dentro do prédio. (e não inclinar-se)

Você já deve ter percebido que os verbos em destaque sempre se referem a um substantivo. Mas vejamos:

Em:

Os anos passam depressa.

não temos um caso de emprego do infinitivo e sim de concordância verbal, mesmo sabendo que a conjugação "passam" se refere a um substantivo (Os anos), e, portanto, não se verifica a possibilidade de "Os anos passar depressa" e sim "Vemos os anos passar/passarem depressa".

Neste último exemplo, o infinitivo tem sujeito próprio, diverso do sujeito da oração principal:

Sujeito da oração principal: nós
Sujeito do infinitivo: os anos.

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